domingo, 6 de maio de 2012

Governo de coalizão do Reino Unido sofre duro golpe nas eleições municipais


Governo de coalizão do Reino Unido sofre duro golpe nas eleições municipais
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A folgada vitória do Partido Trabalhista nas eleições municipais britânicas representou uma dura derrota para o governo de coalizão entre conservadores e liberal-democratas, que culparam a crise econômica pelo fraco desempenho nas urnas.


Como é tradição na política britânica, o governo foi castigado sem compaixão pelos eleitores no pleito realizado nesta quinta-feira na Inglaterra, na Escócia e no País de Gales, nos quais os trabalhistas superaram o número de 800 novos vereadores.


Havia a expectativa de maus resultados para conservadores e liberais, mas as votações foram interpretadas como um golpe pior e mais perigoso que o previsto.


Os trabalhistas de Ed Miliband conseguiram somar mais de duas mil das cinco mil secretarias submetidas a voto e ganharam o controle de 32 novos municípios, até conseguir um total de 75.


Por sua parte, os conservadores perderam 12 prefeituras e 405 vereadores, somando 1.005, enquanto os liberais ficaram sem uma de suas sete prefeituras e viram dissipar-se 336 secretarias, e agora só controlam 431.


Estes resultados dos liberais do vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, são muito similares aos obtidos nas eleições municipais do ano passado, que foram os piores de sua história.


Algo que contrasta com a vitória dos trabalhistas, especialmente significativa em cidades do sul do país como Southampton e Plymouth, território habitualmente dominado pelos conservadores.


Os resultados no País de Gales, onde o partido de centro-esquerda recuperou muitas das secretarias perdidas durante o governo de Gordon Brown, e a vitória em Birmingham, segunda cidade do país em número de habitantes, tiveram um sabor especial para os trabalhistas.


O mesmo aconteceu na Escócia, onde, apesar dos bons resultados dos nacionalistas de Alex Salmond, os trabalhistas conseguiram subir e, mais importante, manter a joia da Coroa, a cidade operária de Glasgow.


O único alívio hoje para o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, poderia ser uma vitória em Londres, onde se espera, embora de maneira apertada, que o atual prefeito conservador, Boris Johnson, se imponha ao trabalhista Ken Livingstone, uma decisiva batalha eleitoral cuja conclusão será conhecida nesta noite.


Segundo as estimativas da emissora pública "BBC", os resultados destes pleitos locais extrapolados para as eleições gerais representariam 38% dos votos para o partido de Ed Miliband, contra 31% dos conservadores e 16% dos liberais.


Enquanto os trabalhistas veem hoje muito mais perto a possibilidade de ganhar as próximas eleições gerais, que deverão ser realizadas antes de 2015, conservadores e liberais enfrentam, segundo todos os analistas, momentos duros que põem em jogo a permanência de sua complicada coalizão de governo.


Muitas vozes dentro das fileiras conservadoras já culparam pelos maus resultados a aproximação ao centro do primeiro-ministro do Reino Unido, com políticas como a legalização do casamento gay, e por isso pediram a recuperação dos valores tradicionais do partido.


Por sua parte, os liberais de Nick Clegg voltaram a ser castigados perdendo metade de seus eleitores, uma tônica que se repete desde que chegaram ao governo de coalizão com os conservadores.


Ao aceitar sua derrota, David Cameron a atribuiu à crise econômica e disse que as medidas de austeridade tomadas pelo Executivo são "difíceis", mas "corretas pelo bem do país".


Além disso, hoje o primeiro-ministro conservador enfrentou outra derrota, já que sua aposta pessoal de estender para outras cidades a figura de prefeito eleito, modelo utilizado em Londres, fracassou estrondosamente.


Das nove cidades que submeteram esta fórmula a plebiscito, oito a rejeitaram e apenas Bristol (oeste da Inglaterra) deu o sinal verde.


Em eleições caracterizadas por uma participação historicamente baixa, de 32% (a menor desde 2000), o ultradireitista British National Party (BNP) perdeu as seis secretarias que ostentava até agora.


Muitos de seus votos foram para o partido marcadamente eurocético (que se opõe à União Europeia) e conservador UK Independence Party (Ukip), que alcançou 14% dos votos nas cidades nas quais se apresentou.


Fonte: EFE

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