apresentando uma sincera
homenagem ao Dia dos Avós, 26 de julho, tem a honra de poder contar uma
história real !
A Última Viagem de Táxi!
Autoria: DON RICO
Houve um tempo em que eu ganhava a vida
como motorista de táxi. Os passageiros embarcavam totalmente anônimos. E, às
vezes, me contavam episódios de suas vidas, suas alegrias e suas tristezas...
Encontrei pessoas que me surpreenderam.
Mas, NENHUMA como aquela da noite de 25 para 26 de julho do último ano
em que trabalhei na praça!
Havia recebido já tarde da noite uma
chamada vinda de um pequeno prédio de tijolinhos, em uma rua tranqüila do
subúrbio de Belo Horizonte, capital das Minas Gerais.
Quando cheguei ouvia cachorros latindo
longe. O prédio estava escuro, com exceção de uma única lâmpada acesa numa
janela do térreo.
Nestas circunstâncias, outros teriam
buzinado duas ou três vezes, esperariam só um pouco e, então, iriam embora. Mas,
eu sabia que muitas pessoas dependiam de táxis como único meio de transporte a
tal hora.
A não ser, portanto, que a situação
fosse claramente perigosa, eu sempre esperava...
"Este passageiro pode ser alguém
que necessita de ajuda", pensei.
Assim,
fui até a porta e bati. "Um minutinho", respondeu
uma voz débil e idosa.
Ouvi alguma coisa ser arrastada pelo
chão...
Depois de uma pausa longa, a porta abriu-se.
Vi-me então diante de uma senhora bem idosa, pequenina e de frágil aparência!
Vi-me então diante de uma senhora bem idosa, pequenina e de frágil aparência!
Usava um vestido estampado e um chapéu
bizarro daqueles usados pelas senhoras idosas nos filmes da década de 40! E se
equilibrava numa bengala, enquanto segurava com dificuldade uma pequena mala...
Dava para ver que a mobília estava toda
coberta com lençóis. Não haviam
relógios, roupas ou adornos sobre os móveis. Num canto jazia uma caixa aberta
com fotografias e vidros...
A velha senhora, esboçando então um
tímido sorriso de quem havia já perdido todos os dentes, pediu-me: “O senhor
poderia me ajudar com a mala?”
Eu peguei a mala e ajudei-a caminhar
lentamente até o carro. E enquanto se acomodava ela ficou me agradecendo...
-"Não é nada, apenas procuro tratar
meus passageiros do jeito que gostaria que tratassem minha velha mãe”...
-" Oh!, você é um bom rapaz!" Quando embarcamos, deu-me um endereço e pediu:
-" Oh!, você é um bom rapaz!" Quando embarcamos, deu-me um endereço e pediu:
-"O senhor poderia ir pelo centro
da cidade?"
-" Este não é o trajeto mais
curto", alertei-a prontamente.
-" Eu não me importo... Não estou com pressa... Meu destino é o último! O asilo dos velhos"...
-" Eu não me importo... Não estou com pressa... Meu destino é o último! O asilo dos velhos"...
Surpreso, eu olhei pelo retrovisor.
Os olhos da velhinha brilhavam
marejados...
-" Eu não tenho mais família e o médico me disse que tenho muito pouco tempo"...
-" Eu não tenho mais família e o médico me disse que tenho muito pouco tempo"...
Disfarçadamente desliguei o taxímetro e
perguntei:
-"Qual o caminho que a senhora
deseja que eu
Nas horas seguintes nós dirigimos por
toda a cidade. Ela mostrou-me o edifício na Praça 7 em que havia, em certa
ocasião, trabalhado como ascensorista...
Nós passamos pelas cercanias em que ela
e o esposo tinham vivido como recém-casados.
E também pela Igrejinha de São
Francisco, na Pampulha, onde comemoraram Bodas de Ouro!
Ela pediu-me que passasse em
frente a uma loja de móveis na região da Praça da Liberdade, que havia
sido um grande salão de dança que ela freqüentara quando mocinha!
De vez em quando, pedia-me para dirigir
vagarosamente em frente a um edifício ou esquina. Era quando ficava então com os olhos fixos na
escuridão, sem dizer nada... E olhava. Olhava e suspirava...
E assim rodamos a noite inteira...
Quando o primeiro raio de sol surgiu no
horizonte, ela disse de repente:
"Estou cansada... E pronta! Vamos agora!"
"Estou cansada... E pronta! Vamos agora!"
Seguimos, então, em silêncio, para o
endereço que ela havia me dado. Chegamos a um prédio rodeado de árvores, uma
pequena casa de repouso.
Dois atendentes caminharam até o taxi,
assim que paramos. Eram amáveis e
atentos e logo se acercaram da velha senhora, a quem pareciam esperar.
Eu abri o porta-malas do carro e levei a
pequena valise até a porta. A senhora, já sentada em uma cadeira de rodas,
perguntou-me então pelo custo da corrida.
-" Quanto lhe devo?", ela
perguntou, pegando a bolsa.
-"Nada!", eu disse.
-" Você tem que ganhar a vida, meu jovem”
-" Você tem que ganhar a vida, meu jovem”
-" Há outros passageiros",
respondi.
Quase sem pensar, curvei-me e dei-lhe um
abraço. Ela me envolveu comovidamente e devolveu-me com um beijo afetuoso e
repleto da mais pura e genuína gratidão! E disse:
-"Você deu a esta velhinha bons
momentos de alegria, como não tinha há tanto tempo... Só Deus é quem sabe o
quanto você fez por mim! Obrigada, MEU AMIGO! Mil vezes obrigada!!!”
Apertei sua mão pela última vez e
caminhei no lusco-fusco da alvorada sem olhar para trás, pois as lágrimas
corriam-me abundantes pela face...
Atrás de mim uma porta foi fechada. Era
o som do término de uma vida...
Naquele dia não peguei mais passageiros.
Dirigi sem rumo, perdido nos meus
pensamentos. Mal podia falar.
Dois dias depois, tomei coragem e voltei
no asilo para ver como estava a minha mais nova amiga. Disseram me, então, que
na noite anterior adormecera para sempre, em paz e feliz...
OS IDOSOS DE HOJE, SOMOS NÓS AMANHÃ!
Se gostou, me faça saber. E passe adiante, se julgar interessante!
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